Anunciado em meados do ano passado, o eSocial, também
conhecido como SPED Trabalhista e Previdenciário, é considerado pelos
especialistas como o projeto mais complexo apresentado até o momento.
Ele é um dos pilares do programa de Sistema Público de Escrituração
Digital que vem sendo implementado pelo governo brasileiro, cujo
objetivo é viabilizar a garantia dos direitos previdenciários e
trabalhistas, simplificar o cumprimento das obrigações e aprimorar a
qualidade das informações de relações de trabalho, previdenciárias e
fiscais.
O primeiro e
talvez mais importante passo para o sucesso da adesão ao eSocial é
assegurar que os dados cadastrais estejam corretos. Nesta fase,
conhecida como “saneamento”, as bases de dados serão revisadas e as
inconsistências encontradas serão corrigidas. Caso esta etapa não seja
minuciosamente realizada, e a base de dados não estiver correta, o
resultado final será comprometido.
Isso
acontece, pois, além de padronizar e unificar as informações e
obrigações acessórias, o eSocial viabilizará o cruzamento de dados e a
efetividade da fiscalização do cumprimento da legislação vigente. Ou
seja, com estes processos, o governo objetiva cruzar dados cadastrais,
como CPF, PIS, nome e data de nascimento, com as informações já
registradas nos sistemas governamentais, evitando divergências ou
duplicidades que podem gerar, dentre outros problemas, dificuldades na
solicitação da aposentadoria ou benefícios da previdência.
Segundo
dados da KMPG, obtidos a partir da plataforma tecnológica da empresa
para revisão dos cadastros, nenhuma empresa tem 100% de conformidade em
seus registros. Todas as companhias têm demonstrado um percentual
elevado de inconsistências para a maior parte dos principais campos das
bases de dados de funcionários e autônomos. Dentre os registros mais
importantes, a média de incompatibilidade para o CPF é o campeão, com
21,14% de dados que precisam de correção. Na sequência estão a data de
nascimento, com 15,96% de inconsistência; o NIS, com 13,70%; e o nome
do colaborador (0,86%).
Recentemente,
o governo informou que o prazo para adequação das empresas é de um ano
após a publicação da versão definitiva do manual de orientação, que
deve ocorrer ao longo deste ano para os diferentes regimes tributários.
Além do prazo desafiador, o leiaute técnico do eSocial possui 45 tipos
de arquivos distintos que contêm mais de 2 mil campos. De todas as
obrigações fiscais do SPED, é a que contempla o maior e mais
diversificado conjunto de informações.
Problemas
no cadastro das informações dessas bases ocasionam em registros
inconsistentes e/ou incompletos, o que exige o saneamento do banco de
dados, o primeiro grande desafio para adequação ao eSocial. Executar a
revisão das informações das bases de dados, apontar e sanear as
principais divergências dos cadastros são etapas extremamente
necessárias para atingir o nível de qualidade necessário exigido.
Marcelo de Angelo é Diretor de Risk Consulting da KPMG no Brasil.
Marcelo de Angelo é Diretor de Risk Consulting da KPMG no Brasil.
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