Depois de um dia de trabalho, você senta tranquilamente em uma cafeteria e pede um cafezinho, um bolo de brigadeiro e uma água mineral.
Com certeza, a última coisa que vai estar pensando é quanto de
imposto vai pagar. Mas vamos lá ao “prato indigesto”: 16,52% no
cafezinho; 33,95% no bolo e, em uma simples garrafinha de água, 37,44%. Muita
gente nem se dá conta disso. De acordo com o Instituto Brasileiro de
Planejamento e Tributação (IBPT), nós pagamos hoje 63 tributos entre
impostos, taxas e contribuições. O
lado mais cruel é que essa taxação é maior sobre o consumo no Brasil.
Segundo levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) – órgão internacional que reúne 34 países e que promove
políticas de desenvolvimento econômico e bem-estar social –, o índice é
de cerca de 65% (veja gráfico ao lado). A carga tributária na renda,
por exemplo, é pouco mais de 20%.
O que isto significa? O professor do curso
de ciências contábeis do Ibmec/MG Paulo Machado é taxativo: “Essa carga
tributária maior em consumo quer dizer que, proporcionalmente, quem tem
uma renda menor paga mais impostos. É uma tributação injusta, porque
penaliza quem ganha menos”.
Ele esclarece que, já nos
países desenvolvidos, normalmente a maior carga tributária recai sobre a
renda e o patrimônio. “É uma forma mais justa de taxar”, afirma.
O professor ressalta que a
taxação no consumo é “mais fácil” de ser feita. “Não se percebe
claramente os impostos que estão sendo pagos”, aponta Machado. O
consumidor não emite, por exemplo, uma guia para pagar o produto que
consome. Ele paga e pronto. É a chamada “tributação velada”.
O presidente executivo do
IBPT, João Eloi Olenike, fala também em “tributação cruel”. “Ela
penaliza quem ganha menos”, reforça Olenike. Ele conta que nos Estados
Unidos existe apenas um imposto no consumo: Tex. O consumidor
norte-americano sabe quanto está pagando, e esse imposto resulta em
benefícios para a população, também como nos países da Europa.
“O Brasil não tem uma
política tributária que taxe o cidadão de acordo com sua capacidade de
contribuir. Tem uma política de arrecadação para fazer caixa, que é
resultado da ineficiência do Estado em administrar seus recursos”, diz
ele.
De acordo com a OCDE, os
impostos sobre o consumo no Chile equivalem a cerca de 52% da
arrecadação; no Japão, 18%; no México, 54%, e nos Estados Unidos, cerca
de 17%. Na Dinamarca, por exemplo, a taxação sobre a renda é a maior
entre os países pesquisados e chega a aproximadamente 63%.
Desigualdade
Ruim. Para os
especialistas, os impostos embutidos nos preços de cada produto, como a
água, são os piores, porque são pagos igualmente por quem ganha R$ 100
mil ou um salário mínimo.
Taxação é o dobro da média mundial
A participação dos impostos sobre consumo
na arrecadação tributária no Brasil, cerca de 65%, está muito acima da
média mundial, que é em torno de 35%, segundo a OCDE. Em países
desenvolvidos como Estados Unidos e Japão, ela é abaixo de 20%.
O professor do curso de ciências contábeis
do Ibmec/MG Paulo Machado esclareceu que, em 1986, os Estados Unidos
fizeram uma grande reforma tributária. O país tem hoje uma baixíssima
tributação sobre o consumo – menos de 20% – enquanto a renda é tributada
em mais de 40%.
PIB. A carga tributária
hoje no Brasil está em 35,42% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o
Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Isso significa
que, a cada R$ 10 produzidos pelo país, R$ 3,50 vão para os cofres da
União e dos governos estaduais e municipais.
E significa que, se ao acabar de ler essa reportagem você for espairecer em um barzinho, porque afinal ninguém é de ferro, e pedir uma cerveja, vai pagar 55% só de impostos e, se optar por uma caipirinha, é melhor nem pensar: o imposto sobe para 76,66%.
Fonte: Jornal Contábil
Fonte: Jornal Contábil
Nenhum comentário:
Postar um comentário