A baixa automática
de CNPJ vai se tornar realidade a partir de 8 de outubro, em
Brasília. A novidade foi anunciada pelo ministro da Secretaria da Micro
e Pequena Empresa (SMPE), Guilherme Afif Domingos, durante mais uma
etapa da Caravana da Simplificação, que ontem visitou a cidade de São
Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O evento, que aconteceu no teatro
Cacilda Becker, reuniu autoridades locais, empresários e
representantes de entidades de classe dos municípios da região. São
Bernardo é a 11ª cidade a receber a Caravana que hoje vai para Santos.
Durante
entrevista coletiva, o ministro disse que vai reunir representantes
das Juntas Comerciais de todo o País, em Brasília, em cerimônia que
vai consolidar um processo que vem sendo construído desde que assumiu a
SMPE. “A Lei 147/14, que alterou as regras do Simples, continua a
surtir efeitos bem positivos. Agora, vamos encerrar empresas na hora
em Brasília. Até o final do ano, faremos isso em todo o País”,
comemorou.
O
ministro destacou que o processo de baixa na hora dos CNPJs já havia
avançado com o fim da exigência de certidões negativas, medida adotada
pela SMPE no final de agosto e baseada na nova lei. Com isso, o
empresário passa a poder dar baixa no CNPJ e a ter os débitos da
empresa transferidos para o seu CPF.
No
processo de abertura de empresas, o fim da obrigatoriedade das
certidões representa uma verdadeira revolução: o empresário vai poder
abrir uma outra empresa mesmo que tenha débitos em seu nome. “Ele
ganha uma segunda chance para prosperar e, até mesmo, para poder pagar
suas dívidas com os fiscos. Não é certo que o insucesso empresarial
tenha que representar a morte do cidadão como empresário”, esclareceu o
ministro Guilherme Afif.
Em
sua apresentação, o ministro aproveitou para destacar os pontos mais
importantes da nova Lei do Simples, que traz 81 medidas que beneficiam
as micro e pequenas empresas. Entre eles, a universalização do
Simples, que garante a entrada no regime de tributação de acordo com o
porte da empresa e não mais pelo setor em que opera. Com isso, todas
as empresas com faturamento anual de até 3,6 milhões por ano, poderão
aderir ao Simples”. Foram incorporados com a lei mais de 140 setores
profissionais que englobam cerca de 450 mil empresas de prestação de
serviços na área intelectual e de profissionais liberais de profissões
regulamentadas que poderão optar pelo modelo de tributação”.
Outro
ponto de destaque da legislação é a garantia do tratamento
diferenciado para as micro e pequenas empresas que está na
Constituição Federal. O novo texto determina que, nenhuma nova lei,
norma ou regulamento, alcança as MPEs se as regras diferenciadas não
estiverem claras. “Se no texto das novas normas não deixar claro o que a
micro e pequena empresa devem fazer, essa regra não vale para os
pequenos. Este dispositivo é uma espécie de marquise protetora contra o
lixo burocrático e corporativo jogado na cabeça dos pequenos pelas
União, Estados e Municípios”, disse o ministro.
A
nova lei estabelece também o critério da dupla visita para autuação.
Nenhuma multa poderá ser lavrada contra uma MPE se o empresário não
foi orientado antes de autuado. A ida do fiscal tem que ser, na
primeira vez, para esclarecer. O empreendedor só será autuado em caso
de desobediência às adequações estabelecidas na primeira visita. Esse
processo não se aplica em caso de dolo.
O
processo de compras públicas também passou por alteração após a
sanção da nova legislação do Simples. A lei anterior (123/06),
indicava que o poder público poderia comprar de pequenas empresas. O
novo texto determina que o poder público deverá comprar das MPEs. “Este
será um dos maiores instrumentos de desconcentração de renda no País,
pois os processos licitatórios deverão ser regionalizados para dar
oportunidades aos pequenos empresários”, destacou o ministro Afif.
A
adoção de um cadastro único pelas empresas também foi abordada pelo
ministro em sua palestra. Previsto na Constituição Federal e nunca
implementado, o Cadastro Nacional único deverá se tornar realidade. “A
empresa passa a ter um único número para todo o Brasil, acabando com
as inscrições estadual, municipal, no Corpo de Bombeiros, na
Vigilância Sanitária e no meio ambiente. Com o cadastro único, que é o
CNPJ, caberá aos municípios e aos estados compartilharem as
informações das MPEs, acabando com a proliferação descentralizada de
arquivos.
MEIs
e Pronatec – O ministro Guilherme Afif aproveitou o evento para
destacar dois assuntos importantes: a evolução significativa do
Microempreendedor Individual (MEI) e o Pronatec Aprendiz, programa de
profissionalização voltado para jovens.
Em
relação ao MEI, o ministro disse que o modelo é um grande sucesso e
que garante a saída da informalidade e a garantia dos direitos do
cidadão. “São milhões de profissionais como marceneiros, carpinteiros,
manicures, pipoqueiros, mecânicos, pequenos comerciantes, que nos
últimos quatro anos trouxemos para a formalidade. São hoje 4,4 milhões
de pessoas. Nossa meta é formalizar 1 milhão de MEIs por ano. E
lembro que 4,4 milhões é mais que a população do Uruguai. Brasileiros
que se encontravam na total informalidade”.
Para
o ministro, Guilherme Afif, o Pronatec Aprendiz é mais do que uma
oportunidade de formalização, mas uma grande porta de entrada para a
formação de cidadãos. “Estando abrindo as portas do mercado de
trabalho para todos aqueles jovens que tenham interesse em se
profissionalizar. Queremos os jovens no mercado de trabalho, não na
rua. Queremos os jovens se sentindo úteis para a nossa sociedade”.